sábado, 6 de fevereiro de 2016

alexandrino 2

"acendo outro cigarro... imperturbavelmente"(*)
e espero a morte vir de câncer ou de tédio
um imbecil me grita ao rádio: - siga em frente
que o mundo é belo e quente, e tudo tem remédio!

eu, puto como estou, se encontro esse demente
não sei se deixo quieto ou mostro o dedo médio
se procuro saber do fato e onde ele mente
pergunto quem tem dessa ou jogo o tal do prédio

a tosse volta forte, atiro o quimba fora
me volta na memória o Augusto e seu escarro
desligo o som do carro, a cada meia hora

a tosse vai-se embora e é nisso que eu me agarro
que se foda o pigarro, um dia o saco estoura
a morte ainda demora? acendo outro cigarro.
***
(*) verso de um soneto de Esio Antonio Pezzato

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